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"Querido Diário" #1- Novos canais na TDT: Análise


Estreada a 21 de dezembro de 2016, esta rubrica é um espaço singular, onde são abordados diversos temas como se se estivesse a escrever num diário intimo.

Querido Diário,

Escrevo esta semana para falar acerca dos novos canais da TDT- a RTP3 e a RTP Memória- e das vantagens e desvantagens que trazem consigo.

Desde há muito que se falava em aumentar a oferta da TDT, que tinha apenas 5 canais (incluindo a AR TV, ainda que não seja um canal com 24 horas de emissão). O povo esperava esse aumento como forma de diversificar a oferta. Pediam-se mais canais em sinal aberto mas a decisão teimava em chegar.

Recentemente fomos confrontados com a noticia de que a RTP3 e RTP Memória iriam chegar à Televisão Digital Terrestre dia 1 de dezembro, como uma prenda de Natal antecipada. A sua passagem para sinal aberto era mais que justa, visto que estes canais são públicos e numa altura em que se discute tanto o conceito de "serviço público" era inevitável esta alteração.

Com o arranque destes canais, passamos a ter "Mais RTP na TDT" e mais divulgação cultural. Sim, estes canais não contém publicidade e servem apenas para a divulgação cultural e para diversificar a oferta da estação pública (e da TDT, de certa forma), que até aqui era feita com a generalista RTP1 e a RTP2, mais virada para a cultura e a sétima arte.

A RTP3 assume-se assim como ponto de noticias. O canal informativo ganhou a sexta posição quando passou para sinal aberto e traz consigo mais informação, blocos noticiosos, desportivos, entre muitos outros. É um canal da atualidade, que completa assim a oferta do canal público de Portugal.

É sem dúvida uma mais valia em sinal aberto, ainda que precise de alguns ajustes em termos de conteúdos, pois os blocos assemelham-se muito entre sí. Faz falta alguma coisa que os torne diferentes, ainda que tenham o mesmo objetivo. Nomes como "3 às 15", "3 às 16" e "18/20" mostram falta de originalidade por parte dos responsáveis pelo canal.

Já a RTP Memória "Traz pr'a Frente" o que em tempos era a televisão. Este é o "porta voz" dos arquivos da estação pública e mostra o que se fazia no canal principal desde o seu arranque em 1957. Serve para recordar os mais velhos e ensinar e mostrar aos mais novos como se fazia televisão e como o mundo evoluiu em tão poucos anos. Se foi uma boa aposta? Sim, sem Memória não somos ninguém. Era necessário um canal que nos mostrasse os arquivos da RTP. É história e os nossos país, avós e quem sabe até gerações mais velhas, estão em cada programa, cada serie, cada filme ou cada documentário.

Desde de que foi para sinal aberto que a RTP Memória fez algumas alterações a nível de conteúdos, que mostram uma preocupação por parte da equipa em chegar ao telespectador. Esperemos que o canal continue assim.

As novas "aquisições" da TDT trazem bastantes vantagens ao público, são responsáveis pelo segundo alargamento dos canais em sinal aberto. É o futuro que se está a construir aqui. Daqui a alguns meses teremos mais um alargamento, com dois novos canais, desta vez por parte do setor privado. Será uma boa aposta? A resposta a esta questão é dupla, mas vamos deixar este assunto para outra altura.

Os novos canais começam a revelar-se e atualmente marcam cerca de 0.6% de share apenas em sinal aberto. É um bom começo, apesar do desinteresse que os média revelaram acerca do assunto. A verdade é que muitos jornais/sites/blogues passaram em branco este alargamento e não dão a mesma importância a todos os canais.

Nos blogues da concorrência, temos a permanência dos 4 principais canais. É necessária imparcialidade para dividir a exposição que se dá a cada canal. O público merece saber, pelo menos, os 5 programas mais vistos de cada canal em sinal aberto. Mas a verdade, é que temos acesso às audiências de todos os programas dos 4 canais mais antigos e a nenhum destes novos. Sem contar que a AR TV é completamente colocada de lado e nem as audiências gerais do canal são divulgadas. Há uma enorme discrepância neste sentido, que deve ser colmatada, para que a informação chegue ao público de forma completa. Outro assunto que deixo de lado por agora.

Despeço-me assim, Querido Diário! Mas prometo regressar com este assunto em breve. Até para a semana e Bom Natal!

Por: Filipe Vilhena