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"Força de Expressão" #4 | O Fim e o Inicio da Minha História [Ficção]



Tudo começou num dia como outro qualquer. Um dia em que acordo de mau humor por ter que ir para as aulas cedo; um dia de correria porque estou atrasado; um dia em que ri bastante com os meus colegas e amigos; um dia em que sentia a falta da pessoa que amava.

Regressava de um dia bastante cansativo, tentei socializar com a família mas foi em vão. Subia os degraus de minha casa silenciosamente, pensando que nunca mais iria ouvir a tua voz no meu ouvido. Foi um tempo de crescimento, aprendi contigo algo que nunca nenhum professor me irá ensinar. Havia algum tempo que te tinha perdido, mas, por alguma razão, estava a custar-me mais agora.

E assim cheguei ao meu quarto. Ao meu conforto. Dediquei-me às redes sociais, respondia a mensagens e comentários. Estava no meu mundo, isolado e fixo a pensamentos. Foi assim que, por um clique na opção "Seguir" comecei a viver outro amor. Depois disto veio o "Seguiu de volta" e a troca de gostos em fotos. O "olá" foi meu, admito, mas tu (o meu novo amor) respondeste.

Começou a conversa. Tímida de ambas as partes, mas interessante. A dor que tinha em mim desapareceu por momentos. Os meus lábios sorriam por algumas das tuas respostas. Pedi-te o número de telefone (como se me "garantisse" contacto eterno contigo). A vontade de te conhecer ignorou o facto de estarmos a mais de 300 km. Ali parecia tudo tão próximo, tão bonito. E eu sei que também ignoraste a distância.

Seguiram-se horas, dias, semanas e centenas de mensagens, carregadas de perguntas, tal não era a euforia de conhecer uma pessoa nova. Estava entusiasmado, o meu desgosto amoroso parecia ultrapassado. Não sei se me apaixonei pela tua forma de escrever, a tua voz ou quando te vi por chamada de vídeo. Mas eu apaixonei-me.

Já não eras um nome próprio no meu telefone. Passaste a ser "Baby" e eu passei a tratar-se como "amor" pelas mensagens. E tu igual. Estávamos rendidos um ao outro. Passou-se mais 1 mês desde que falávamos. Foste tu a ter iniciativa de marcar um encontro, encurtar a distância entre nós. Eram 600 km de viagem no total. Como eu poderia ter tido tanta sorte com alguém?

Chegou o dia. Estava nervoso mas confiante. Escolhia a melhor roupa, os melhores sapatos, tentava fazer algo diferente no cabelo- mas já devia saber que ele está sempre com a mesma forma. Sorria para o espelho e pensava se irias gostar de mim. Os nervos aumentavam a cada metro que andavas. Eu achava-te perfeito, era estúpido descrever-te aqui, porque o amor não cega, mas camufla os defeitos.

Tu chegaste. Eu quase me desfiz em nervos quando te vi ao longe. Eras tal como nas fotos, topei logo isso. Saiste do carro, apertamos vagarosamente as mãos, como se quiséssemos sentir mais um do outro. Foi um cumprimento formal, depois de tantos "adoro-te" por mensagens e outras coisas um pouco mais vergonhosas de falar. Mas foi o certo. Seguimos para a praia, quis mostrar-te aquele sitio lindo onde víamos a água a bater nas rochas. Brincávamos com a nossa diferença de alturas de forma tímida, tentávamos quebrar o gelo. E tu realmente quebraste. Não esperava que o fizesses mas tu beijaste-me. Assim mesmo, sem nenhuma aproximação antes, foste direto demais mas delicioso.

A tua boca unia-se comigo pela primeira vez. Eu nem acreditava. Achei que estava a ter um "sonho molhado" de adolescente, mas era real. Logo ali se notou a vontade que tínhamos um do outro. Vontade essa que aumentou assim que entramos no quarto de hotel, onde íamos passar uma misera noite juntos. Estava nervoso, parecia a minha primeira vez. Mas correu bem.

Ficamos em casa juntinhos, afastados do mundo e a olhar um para o outro o resto da noite. Para mim foi perfeito. Ofereci-te uma pulseira para te lembrares de mim e por acaso (confesso que tive uma sorte desgraçada) acertei na tua cor preferida. Deixei contigo um bilhete com o refrão de uma musica. E assim entramos no carro. Eu sabia que no final da estrada íamo-nos separar e chorei. Tu foste mais forte. Tiramos uma foto para eternizar-mos o momento e trocamos beijos longos. Fui embora, olhei para trás e vi que olhavas pelo espelho.

Passaram-se mais 5 meses a falar todos os dias. Altos e baixos tivemos, mas é normal. Eu continuava a gostar, mas sabia que tu não gostavas de mim assim. Sempre soube. Afinal tu tinhas-me contado que 9 dias antes de eu mandar aquele "olá" tinhas terminado a tua melhor relação. Estavas a sofrer e deixaste-te envolver por mim. Mas amavas outra pessoa. Fiquei sem reação ao descobrir isso, mas tu prometias continuar a tentar comigo. Eu preferi aproveitar mais algum tempo contigo e sofrer depois, do que cortar o mal pela raiz. Mas eu no fundo sabia que não tínhamos futuro.

Começamos a falar numa altura em que ambos tínhamos terminado numa relação, ironia. No meu caso, eu realmente cheguei a amar-te. Mas tu não conseguiste. Não és má pessoa, alias, foste a melhor que conheci. Começaste a afastar-te aos poucos, eu estava conformado com o dia do nosso fim. E ele chegou. Não foste capaz de mo dizer por chamada, mandaste uma mensagem onde dizias que não conseguias mais. Agradeci o que tinhas feito por mim e tu não respondeste mais. Foram 5 meses de felicidade contigo. Mas passaram-se 2 anos e eu continuo aqui, a procurar-te em toda a gente, a ver-te feliz agora com outro alguém (parece que ultrapassaste a tua dor) nas redes sociais.

Neste momento estou a falar com uma terceira pessoa, a conhece-la. Sigo à procura de alguém que faça feliz. Espero esquecer-te de vez. Não tenho mágoa de ti, só falta.

Por: Filipe Vilhena

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